quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Cara sem olhos.

«Eu até era um rapaz jeitoso e com sorte junto das moças, mas algumas, por maldade, ou simplesmente porque eram tontas, troçavam de mim por ser cego de um dos olhos, chamando-me «cara sem olhos»... Vingava-me, fazendo versos e até fazendo humor sobre a minha infelicidade... Como estes:

Sem olhos vi o mal claro
que dos olhos se seguiu:
pois cara sem olhos viu
olhos que lhe custam caro.
E olhos não faço menção,
pois quereis que os olhos não sejam;
vendo-vos, olhos sobejam,
não vos vendo, olhos não são

Amélia Pinto Pais, Os Lusíadas em prosa, Areal Editores, pags. 2-3. 

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